Cannabis Medicinal em Portugal

Progresso e Contradições
Portugal consolidou-se como um dos maiores exportadores de cannabis medicinal no mundo, ocupando a segunda posição global, logo atrás do Canadá. Com mais de 20 toneladas exportadas em 2024, o país é um centro estratégico para o mercado europeu. No entanto, contradições marcantes persistem: enquanto se avança na produção e exportação, o acesso interno à cannabis medicinal ainda é limitado e inacessível para muitos pacientes.
A Legislação da Cannabis Medicinal em Portugal
Desde 2018, a cannabis medicinal é regulamentada em Portugal pela Lei nº 33/2018, que estabelece o quadro legal para o uso terapêutico da planta. Este marco legal visa assegurar que todos os produtos de cannabis disponíveis atendam a padrões rigorosos de qualidade, segurança e eficácia, prevenindo o uso indevido.
Os principais marcos regulatórios incluem:
- Decreto-Lei n.º 8/2019: Detalha as regras para cultivo, fabricação e prescrição.
- Portaria n.º 83/2021: Estabelece os procedimentos para concessão de licenças, desde cultivo até exportação.
Embora o sistema assegure o controle e qualidade dos produtos, ele também apresenta barreiras significativas para pacientes devido ao alto custo e à falta de financiamento público.
Acesso à Cannabis Medicinal em Portugal
Hoje, os pacientes portugueses têm acesso a oito produtos à base de cannabis nas farmácias. Estes incluem óleos, flores secas e soluções sublinguais. As indicações terapêuticas aprovadas são limitadas e incluem:
- Dor crónica associada a doenças oncológicas.
- Epilepsia resistente a tratamentos convencionais.
- Esclerose múltipla.
- Náuseas e vómitos induzidos por quimioterapia.
- Estimulação do apetite em cuidados paliativos.
Restrição ao consumo por fumo:
Nenhum estado-membro da União Europeia, incluindo Portugal, autoriza o fumo como método de consumo medicinal, priorizando formas como óleos ou cápsulas.
Uma Indústria em Crescimento, mas com Acessibilidade Restrita
Apesar de seu sucesso internacional, o mercado interno de cannabis medicinal continua subdesenvolvido. Em 2024, apenas 757 pacotes de medicamentos foram distribuídos internamente, enquanto mais de 18 toneladas foram destinadas à exportação.
Principais desafios para o mercado interno:

- Custo elevado: Um paciente paga cerca de 150€ por 15g de cannabis medicinal, o que limita o acesso para populações de baixa renda.
- Falta de financiamento público: Diferente de outros medicamentos, os tratamentos à base de cannabis não são cobertos pelo sistema público de saúde.
- Desinformação médica: Muitos profissionais de saúde ainda não possuem formação adequada sobre o uso terapêutico da cannabis.
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Portugal: 2º Maior Exportador Global
Com uma projeção de mais de 25 toneladas exportadas em 2024, Portugal se destaca no mercado global como um player estratégico. Os principais mercados incluem:
- Alemanha: Representa metade das importações de cannabis medicinal portuguesa.
- Reino Unido: Um mercado robusto com demanda crescente por produtos à base de cannabis.
- Polónia: Outro mercado em expansão, com 16% das exportações portuguesas.
No entanto, especialistas alertam para o risco de Portugal se tornar um mero produtor de commodities, como aconteceu com a Colômbia. Para evitar isso, é necessário:
- Investir em pesquisa e inovação.
- Promover genéticas exclusivas e técnicas de cultivo avançadas.
- Desenvolver um mercado interno robusto para sustentar a indústria a longo prazo.
Soluções e Futuro
Para garantir o crescimento sustentável, Portugal precisa:
- Facilitar o acesso interno com subsídios ou políticas públicas de apoio.
- Educar profissionais de saúde, garantindo que estejam capacitados para prescrever e acompanhar pacientes.
- Apostar na diferenciação com produtos de alto valor agregado, como óleos avançados e soluções patenteadas.
- E claro, não esquecer das reduções de danos, gerando uma melhoria na qualidade de vida da população fragilizada e vulnerável.
Conclusão
Portugal é um exemplo de sucesso na produção de cannabis medicinal, mas enfrenta desafios para garantir que os benefícios cheguem também à população local. A Kaya, como parte desse ecossistema, reforça o compromisso de educar, informar e promover um uso consciente e responsável da cannabis, tanto em Portugal quanto globalmente.
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