
Junho 18, 2025
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Cannabis Ancestral: Bhang, Creme de Malana e Outros Usos Tradicionais pelo Mundo
A cannabis, uma planta que acompanha a humanidade há milénios, possui uma história rica e multifacetada que transcende o seu uso recreativo contemporâneo. Em diversas culturas ancestrais, a cannabis foi reverenciada como planta sagrada, utilizada em rituais espirituais, cerimónias culturais e como um componente vital da medicina tradicional. Este artigo explora os usos ancestrais da cannabis, com um foco especial nas tradições milenares da Índia – como o Bhang, o Creme de Malana e o Charas – e noutras civilizações que reconheceram o seu valor muito antes da era moderna. Junte-se à Loja da Kaya nesta viagem pelo passado para descobrir o legado cultural e espiritual desta planta extraordinária.
A Cannabis como Planta Sagrada na História da Humanidade
Desde tempos imemoriais, a cannabis tem sido entrelaçada com o desenvolvimento espiritual e cultural de várias civilizações. Evidências arqueológicas e textos antigos revelam que o seu uso não se limitava às suas propriedades psicoativas, mas estendia-se a aplicações medicinais, têxteis e rituais. Na China antiga, há mais de 4700 anos, o imperador Shen Nung, considerado o pai da medicina chinesa, documentou as propriedades terapêuticas da cannabis. No Egito, vestígios da planta foram encontrados em túmulos faraónicos, sugerindo o seu uso em cerimónias fúnebres ou como oferenda. No entanto, é na Índia que encontramos uma das mais profundas e contínuas tradições de veneração e uso da cannabis.
Bhang: A Bebida Sagrada da Índia

O Bhang é, talvez, a preparação de cannabis mais emblemática e culturalmente significativa da Índia. Trata-se de uma pasta feita a partir das folhas e flores da planta de cannabis, que é depois utilizada para criar diversas bebidas e alimentos.
A primeira menção à cannabis na Índia remonta aos Vedas, os textos sagrados do Hinduísmo, datados de aproximadamente 2000 a 1500 a.C. No Atharvaveda, a cannabis (referida como “bhanga“) é listada como uma das cinco plantas sagradas, descrita como uma fonte de alegria, um libertador e um portador de felicidade. Era considerada uma planta que ajudava a aliviar a ansiedade e a promover o bem-estar.

A ligação mais forte do Bhang é com o Deus Shiva, uma das principais divindades do panteão hindu. Shiva é frequentemente retratado como um asceta que consome Bhang para aprofundar a sua meditação e alcançar estados elevados de consciência. Segundo a lenda, Shiva trouxe a cannabis das montanhas do Himalaia para o benefício da humanidade. O consumo de Bhang, especialmente durante festivais dedicados a Shiva, como o Mahashivaratri, é visto como uma forma de honrar o deus e de se conectar com o divino.
Como o Bhang é Preparado Tradicionalmente
A preparação tradicional do Bhang é um processo laborioso. As folhas e flores frescas da cannabis são moídas numa pasta verde com um pilão e almofariz. Esta pasta é depois misturada com leite, ghee (manteiga clarificada) e uma variedade de especiarias como cardamomo, gengibre, pimenta preta e açafrão. A mistura pode ser consumida como uma bebida (Bhang Lassi ou Bhang Thandai) ou incorporada em doces e outros alimentos.
Festivais e Celebrações com Bhang na Cultura Indiana

O Bhang desempenha um papel central em vários festivais indianos, sendo o Holi, o festival das cores, o mais conhecido. Durante o Holi, o consumo de Bhang é generalizado, acreditando-se que intensifica o espírito festivo, promove a camaradagem e quebra barreiras sociais. É uma tradição que une as pessoas na celebração da vida, da alegria e da renovação.
Creme de Malana: O Tesouro do Himalaia

O Bhang desempenha um papel central em vários festivais indianos, sendo o Holi, o festival das cores, o mais conhecido. Durante o Holi, o consumo de Bhang é generalizado, acreditando-se que intensifica o espírito festivo, promove a camaradagem e quebra barreiras sociais. É uma tradição que une as pessoas na celebração da vida, da alegria e da renovação.
A Região de Malana e sua Cultura Única
Malana é uma aldeia ancestral com uma cultura e sistema de governação distintos, que se acredita serem dos mais antigos do mundo. Os habitantes de Malana, os Malanis, consideram-se descendentes de Alexandre, o Grande, e mantêm tradições e um dialeto únicos, o Kanashi, que não é falado em mais nenhum lugar.
Técnicas Tradicionais de Colheita e Processamento
O Creme de Malana é um tipo de charas (haxixe esfregado à mão) conhecido pela sua alta concentração de THC e aroma distinto. A técnica tradicional de produção envolve esfregar as flores frescas da planta de cannabis viva entre as palmas das mãos. Este processo lento e meticuloso faz com que a resina da planta adira às mãos, formando uma pasta espessa e pegajosa. Esta resina é depois raspada e moldada em bolas ou bastões. A qualidade do Creme de Malana é atribuída às condições climáticas únicas da região e às variedades de cannabis locais.
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Qualidades Especiais do Creme de Malana
O Creme de Malana é famoso pela sua textura macia, quase amanteigada, e pelo seu aroma complexo, que pode incluir notas de pinho, frutas e especiarias. O seu elevado teor de óleo e resina contribui para a sua potência e reputação como um produto de luxo no mercado global de cannabis.
Significado Cultural e Económico para as Comunidades Locais
Para a comunidade de Malana, o cultivo de cannabis e a produção de charas têm sido, historicamente, uma importante fonte de rendimento. Embora a produção e venda sejam ilegais sob a lei indiana, a tradição persiste devido ao isolamento da região e à dependência económica desta atividade. No entanto, esta prática também trouxe desafios, incluindo a pressão das autoridades e o impacto do turismo.
Charas: A Arte Milenar do Haxixe Indiano
Charas é o nome dado ao haxixe produzido manualmente na Índia, Nepal e Paquistão, esfregando a resina das plantas de cannabis vivas. É uma forma de concentrado de cannabis que tem sido produzida e consumida nestas regiões há séculos.
Diferentes Tipos de Charas na Índia
Além do famoso Creme de Malana, existem muitos outros tipos de charas produzidos em diferentes regiões do Himalaia indiano, cada um com as suas características únicas. Alguns exemplos incluem o Rasol Cream, Tosh Ball e Kerala Gold (também conhecido como Idukki Gold, embora este último seja mais uma variedade de flor do que um charas tradicional). Cada tipo reflete as variedades de plantas locais, as técnicas de produção e as condições ambientais da sua região de origem.
O Processo Artesanal de Produção
A produção de charas é uma arte que requer paciência e habilidade. Os produtores passam horas a esfregar suavemente as flores das plantas de cannabis fêmeas maduras, mas ainda vivas, entre as mãos. A resina acumula-se lentamente, e a qualidade do produto final depende da habilidade do produtor em extrair a resina sem contaminá-la com matéria vegetal.
Usos Tradicionais e Significado Cultural
O charas tem sido tradicionalmente utilizado tanto para fins recreativos como espirituais. É frequentemente associado aos Sadhus, os ascetas hindus que o utilizam para auxiliar na meditação e em rituais religiosos dedicados a Shiva. O consumo de charas em chillums (cachimbo cónico tradicional) é uma prática comum entre estes grupos.
Cannabis na Medicina Ayurvédica
A Ayurveda, o sistema de medicina tradicional da Índia, reconhece as propriedades medicinais da cannabis (conhecida como “vijaya” ou “bhanga” em sânscrito) há milénios.
Princípios Ayurvédicos e Cannabis
Na Ayurveda, a cannabis é classificada com base nas suas qualidades (gunas), sabor (rasa), potência (virya) e efeito pós-digestivo (vipaka). É considerada uma substância potente que deve ser utilizada com cautela e sob a orientação de um praticante ayurvédico qualificado. Acredita-se que, quando usada corretamente, pode equilibrar os doshas (as energias vitais Vata, Pitta e Kapha) e tratar uma variedade de condições.
Preparações Medicinais Tradicionais
A cannabis era incorporada em diversas formulações ayurvédicas, muitas vezes combinada com outras ervas e minerais para potenciar os seus efeitos terapêuticos e mitigar possíveis efeitos secundários. As preparações incluíam pós (churnas), comprimidos (guti-vati), óleos medicados (taila) e decocções (kwatha).
Tratamentos Ancestrais e sua Relevância Contemporânea
Tradicionalmente, a cannabis era utilizada na Ayurveda para tratar condições como dor crónica, insónia, problemas digestivos (como síndrome do intestino irritável), ansiedade, espasmos musculares e para aumentar o apetite. Muitas destas aplicações ancestrais estão a ser investigadas pela ciência moderna, que começa a validar a sabedoria contida nestas práticas milenares.
ConsideraçõesCulturais e Legais
É crucial abordar o tema dos usos ancestrais da cannabis com sensibilidade cultural e respeito pelas tradições originais. Muitas destas práticas estão profundamente enraizadas em contextos religiosos e espirituais específicos, e a sua apropriação ou descontextualização pode ser desrespeitosa. Além disso, é importante notar que, embora estas práticas tenham uma longa história, a situação legal da cannabis varia significativamente em todo o mundo, incluindo na Índia, onde, apesar da tolerância cultural de certas práticas, a posse e o consumo de cannabis são, em grande parte, ilegais.
Conclusão: Honrando o Conhecimento Ancestral
A história do uso ancestral da cannabis é um testemunho da profunda ligação entre os seres humanos e o mundo natural. Desde as bebidas sagradas da Índia até às aplicações medicinais na China antiga, a cannabis desempenhou papéis diversos e significativos em inúmeras culturas. Ao explorar estas tradições, não só enriquecemos a nossa compreensão da planta, mas também honramos a sabedoria e o legado dos nossos antepassados. A Loja da Kaya convida-o a continuar a explorar este fascinante universo, com curiosidade, respeito e uma mente aberta para as lições que o passado nos pode ensinar sobre o presente e o futuro da cannabis.
Recursos Online e Bases de Dados
1.UNODC (2009). Why Does Cannabis Potency Matter?. United Nations Office on Drugs and Crime. Disponível em: https://www.unodc.org/unodc/en/frontpage/2009/June/why-does-cannabis-potency-matter.html
2.World Health Organization (2016). The Health and Social Effects of Nonmedical Cannabis Use. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789241510240
3.Erowid (2021). Cannabis Vault: Traditional Preparation Methods. The Vaults of Erowid. Disponível em: https://erowid.org/plants/cannabis/cannabis_preparation.shtml
4.Indian Hemp Drugs Commission Report (1894). Disponível no arquivo digital da Biblioteca Nacional da Índia.
5.Ayurveda Institute (2023). Cannabis in Traditional Ayurvedic Medicine. Disponível em: https://www.ayurvedainstitute.org/herbs/cannabis